quarta-feira, 20 de junho de 2018

Assassinato




            A tinta vermelha derramou no chão e, sem querer, melou a mão ao tentar impedir que acontecesse esse desastre no camarim. Mas antes disso, — explico-lhe, ela não teve total culpa por tudo que veio a seguir, pois foi como em um filme de comédia dramática — a artista que iria dançar nunca avisou a fobia de cobras, no entanto, havia aceitado de bom grado representar uma dança chamada Eva no Jardim do Éden. Coitada! Mal sabia da parte em que o bichinho ia aparecer junto. Quando entrou no local para se produzir, a maquiadora que iria pintar seu rosto e corpo já estava presente, inclusive também visto a cobra em sua gaiola, mas apenas continuado a conferir se seus materiais estavam em ordem, sem se importar tanto com esse fato. E a pobre da dançarina, que surgiu depois, acabou soltando um berro muito alto e caindo, logo em seguida, estatelada no chão, sem tempo da outra entender o que estava acontecendo, causando um alvoroço grande. O susto foi tão enorme para a responsável pela produção, que a mesma acabou esbarrando no potinho de tinta aberto em cima da mesa. A cena parecia passar em câmera lenta diante de seus olhos, enquanto esticava seu braço tentando segurá-lo, mas já era tarde demais. As mãos manchadas do que parecia ser sangue, o chão escarlate e até em cima da mulher desmaiada essa cor tinha se espalhado. Caso você entrasse distraidamente por ali, iria se espantar com tudo aquilo, achando ter ocorrido um verdadeiro assassinato, assim como toda a equipe achou ao ir correndo ver a tragédia. Agora a polícia e a ambulância estavam lá fora, alguém havia ligado para eles.

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