quinta-feira, 14 de novembro de 2019

A voz dos desesperados

Os esquecidos
Os atarefados
Os sobrecarregados
Os milionários
Os que pisam e os que são pisados
Cortem as cabeças, gritou a rainha de copas
E faça um degrau com elas
e um tapete de sangue para eu exibir meu salto que custou caro

O meu povo é devotado à esse governo desgraçado
Aplaudem tudo o que eu faço
Se você morre, eu posso até ser culpado
Mas agrotóxicos demais é um bom negócio para os meus partidários
Se as árvores queimam eu faço logo uma enorme fogueira pra assassinar bruxa que é contra minhas veredas

Eu mastigo sem calma, te rasgo a alma
Clama por ajuda e no final não tem nada
Vende jujuba porque não arruma emprego
Boa sorte pra pagar as contas do mês inteiro

Boa tarde, pessoal!
Boa tarde, pessoal!
É que eu tenho família e tá um Deus nos acuda, então por favor, me ajuda!
Tô morando na rua
Que não tem ladrilha
Nem pedrinhas de diamante
Só cacos de vidro que furam meus pés do tanto que caminho pra chegar em algum lugar
Se eu morrer de fome não te faz efeito
Mas só quero um lanche que eu tô sem dinheiro

O grito que escapa
Dos desamparados
Dos oprimidos
Dos cansados
Dos que choram pelo pouco salário
Os que acordam cedo pra ir pra o trabalho e voltam a noite com o filho no encalço
Dos que morrem pela homofobia
Do racismo genocida
Da mulher que é mãe e pai
faz de tudo pelos seus pirrai
E dos que estão dispostos a espalhar o conhecimento
Nem todos são devotados, rainha de copas
Então se prepara que a revolução não demora









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