O assombro emerge de
nossos estômagos vazios
parece fácil enxergar de fora
difícil sentir de dentro
O arrepio cobre os braços
finos
encolhe a mente a andar
mirando o chão
Essas árvores esmorecidas
mesmo ameaçadas
tocam com as pontas
das folhas os céus
O verde musgo junto do azul abraçados
apesar disso não se confundem
sabem quem são
e tem dias que nós não sabemos
Nos afogamos ansiosos
no mesmo modo de repetição:
come, dorme, caga, mija,
estuda, cuida da casa e trabalha
O diabo inventado
atormenta porque
o acordamos todo santo dia
do assombro emergente
de nossas necessidades
mais profundas
o propósito se perde
voltamos a mirar o chão
E as árvores?
Só tombam com
um machado ou fenômeno
não esperado
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