O vento passa
E a sua passagem
traz novos ares,
novas verdades.
Eu não acredito em deuses,
acredito na natureza —
ela sim, é divindade.
Acredito na vingança
contra a humanidade,
pelos seus erros,
pelas suas atrocidades.
Acredito na mentira
escorrendo da boca dos políticos
de uma cidade.
Balanço a cabeça,
feito cachorro,
concordo com toda essa fuleragem,
pra que não tirem minha paz.
Até que ocorra outro ataque,
porque acredito na revolução
brasileira articulada de madrugada,
escondidos, feito cobras,
ouvindo Ellen, Rita Lee, Cássia Eller,
Cazuza, Legião Urbana, Engenheiros, Cartola
e Seu Silva,
para arder o brio
de uma juventude morta,
renascendo das cinzas
das árvores queimadas da Amazônia.
Acredito nos ativistas indígenas —
suas mortes ainda serão justiçadas:
Potiguara, Cariri, Pataxó, Tupinambá,
Tabajara
e muitos mais que deveriam constar aqui,
se não fossem os fazendeiros
fazendo tanta gente sumir.
Acredito.
Eu acredito na bruxaria, no candomblé, na umbanda,
na maré em que Yemanjá não dorme.
Ela move ondas
para causar tsunamis —
e o lixo do mar ainda nos consome.
Morreremos peixe,
engolindo tudo,
sem saber que é veneno,
acreditando e acreditando,
nos convencendo da vitória distante,
antes que desabe tudo,
sendo levado pelo vento.
Viveremos crenças, até morrermos peixes...
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