terça-feira, 7 de outubro de 2025

Crença



O vento passa

E a sua passagem

traz novos ares,

novas verdades.


Eu não acredito em deuses,

acredito na natureza —

ela sim, é divindade.


Acredito na vingança

contra a humanidade,

pelos seus erros,

pelas suas atrocidades.


Acredito na mentira

escorrendo da boca dos políticos

de uma cidade.


Balanço a cabeça,

feito cachorro,

concordo com toda essa fuleragem,

pra que não tirem minha paz.


Até que ocorra outro ataque,

porque acredito na revolução

brasileira articulada de madrugada,

escondidos, feito cobras,

ouvindo Ellen, Rita Lee, Cássia Eller,

Cazuza, Legião Urbana, Engenheiros, Cartola

e Seu Silva,


para arder o brio

de uma juventude morta,

renascendo das cinzas

das árvores queimadas da Amazônia.


Acredito nos ativistas indígenas —

suas mortes ainda serão justiçadas:

Potiguara, Cariri, Pataxó, Tupinambá,

Tabajara

e muitos mais que deveriam constar aqui,

se não fossem os fazendeiros

fazendo tanta gente sumir.


Acredito.


Eu acredito na bruxaria, no candomblé, na umbanda,

na maré em que Yemanjá não dorme.


Ela move ondas

para causar tsunamis —

e o lixo do mar ainda nos consome.


Morreremos peixe,

engolindo tudo,

sem saber que é veneno,

acreditando e acreditando,

nos convencendo da vitória distante,

antes que desabe tudo,

sendo levado pelo vento.

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