Mais um dia. As contas
estão postas na mesa e são muitas, o arroz no fogo já ferve, o espelho
pendurado na parede da sala reflete a garota que desliza um batom vermelho em
seus lábios carnudos e que não se sente nem um pouco feliz com seu emprego. A cortina
balança por causa do vento que adentra o apartamento pela janela da sala. É
noite, é frio, é a solidão. O sabor amargo da bebida não tira o sentimento de
fracasso. O fracasso não quer trégua, mas o cigarro que acendeu acalma o
desespero que insiste em querer crescer em seu peito. Rita fuma agora sentada
desajeitadamente em seu sofá, o vestido amarrotado e levantado deixando o short
a mostra. Daqui a pouco é o começo da madrugada, o começo de outra música que
toca em seu DVD, o começo de outro cigarro, o começo de outras contas, de um
mês em um trabalho que não gosta...